“O que você vai fazer este fim de semana?”, me perguntou ansiosa minha melhor amiga ao telefone. “Eeu? Nada, mas… Por quê?”, perguntei meio assustada, porque eu, mais do que ninguém, sei que neste momento eu poderia mergulhar em um buracom sem fim. Até porque, convenhamos: terminar um relacionamento de anos não é uma das experiências mais agradáveis de se viver.

Na tentativa de me convencer a fazer qualquer coisa, minha amiga ainda falava sem parar, toda animada dizendo que o melhor remédio para um, literalmente, “pé na bunda” era desfilar toda incrível para o desejo dos homens e inveja das outras mulheres.

Ok… Ela conseguiu me convencer de que o melhor lugar para se estar era na festa da casa de um desconhecido, com várias pessoas que nunca vi na vida. “Festa estranha com gente esquisita”, sabe?

Fomos a tal evento. E, chegando lá, sou obrigada a admitir: era A festa.

Enquanto os homens passeavam imponentes em seus ternos, as mulheres desfilavam com seus belos vestidos longos, com várias cores, de diferentes tecido e, sobretudo, com enormes decotes enaltecendo seus atributos visíveis.

De repente, comecei a me sentir bonita. Confesso que coloquei a minha melhor lingerie que encontrei na gaveta (aquela que a gente só guarda pra momentos especiais), passei um perfume bem doce e penetrante, carreguei a maquiagem e guardei no baú das memórias as dores do meu término recente. Tudo isso porque a gente nunca sabe quando vamos dar o ar da graça, ou quando vamos atrair olhares de outras pessoas, não é mesmo?

Na verdade, desde o começo eu havia ficado com com receio de ir até a esta festa, porque minha amiga poderia me deixar sozinha quando encontrasse alguém para seduzir. Dito e feito. Fiquei encostada em uma parede, segurando um drink e percorrendo o olhar pela casa para ver se percebia alguém com a mesma vibe que eu.

Entre uma taça e outra de um drink todo elaborado e colorido que nunca havia ingerido, comecei a me distrair, embevecida com a festa. Desvencilhando-se eventualmente daqueles bêbados chatos que estão por todo o lugar e que insistiam em dizer que me conheciam de algum lugar.

– “Oi te conheço de algum lugar, não é? Não consigo me lembrar…”, diziam.
– “Aff, que papinho mais furado, hein?”, eu respondia quase que pra todos.

Foi então que senti alguém se aproximando, mais uma vez. E eu, de saco cheio de estar ali e querendo me esgueirar pela tangente, senti uma mão quente e forte me tocar pela cintura. Meu corpo paralisou. Com o rosto colado ao meu, um homem com um sorriso lindo, delineado por grossos e, aparentemente, deliciosos lábios, todo cheiroso e charmoso, começou a falar pertinho do meu ouvido.

Meio desconcertada com aquele corpo colado no meu, eu simplesmente não conseguia dizer nada. Apenas sorri como retribuição, e baixei o rosto meio que fazendo um charme, mesmo sem perceber. Eu não estava conseguindo pensar direito. Foram segundos que pareciam durar uma eternidade, tamanho o turbilhão de sensações que me provocava.

E então, quebrando o silêncio daquele momento estranho de vai-e-não-vai, ele fez uma leve pressão em minha cintura e falou algo baixinho no meu ouvido.

– “Linda moça. Confesso que estou amando ficar pertinho do seu corpo, mas… Realmente preciso passar para o outro lado da casa e você está no meu caminho. Poderia me dar licença?”

Como eu sou idiota, né? Eu só estava apenas atrapalhando o caminho. E, para fugir desse mico, já estava decidida que iria embora. Os drinks já começaram a fazer efeito, e meu mundo estava girando e rodopiando. Iludida e pensando “eu só entro em frias comigo mesma”, fui até o banheiro e voltei para ver se tinha esquecido alguma coisa e, para minha surpresa.. lá estava ele, no mesmo lugar de antes.

Tomei uma dose de coragem e fui me aproximando, toda cheia de si, e dessa vez, eu quem toquei sua cintura para pedir licença.

– “Hummm… Agora é você fechando o meu caminho”, roçando suavemente meu corpo ao dele, enquanto buscava passagem.

Ele me sorriu de volta. Aquele sorriso lindo de antes, só que dessa vez mais safado. Havia entendido o recado.

– “Creio que há um engano, talvez você esteja me confundindo com…”

E antes que terminasse, talvez motivada pelo álcool, ou quem sabe por um puro desejo que surgiu do fundo do meu ser, tasquei um beijo naquele delicioso estranho. Beijo que foi retribuído muito bem, diga-se de passagem.

Mesmo que a iniciativa do beijo tenha partido da minha parte, a condução de tudo o que veio depois foi dele. Sem muitas palavras: foram muitos beijos e amassos. Daqueles de excitar qualquer um. Enquanto rolavam os beijos, ele viu um cantinho mais reservado. Pegou-me pela mão, resguardando-se no lugar pra gente se divertir com um pouquinho mais de privacidade.

Gostei dessa vontade de me pegar, nem parecia aquele rapaz que conheci no canto da parede. Seus lábios não eram apenas lindos, mas deliciosos. Sem pensar muito, fui deixando-o acariciar cada vez mai, com suas mãos habilidosas, enquanto eu saboreava a sua boca.

Comecei a sentir um calor, e uma sensação gostosa de euforia… Ficava pensando em quantas mãos e bocas aquele ser tinha, afinal, para conseguir me provocar tantas sensações?! Fui ficando molinha em seu abraço e ao mesmo tempo acesa, como se tivesse acendido uma brasa dentro de mim.

Ele começou a apertar meus seios, morder meus lábios e suas mãos percorriam cada centímetro do meu corpo sobre o meu vestido. Sua boca foi descendo, fazendo um caminho do pescoço ao decote, o que me deixou completamente sem fôlego.

Entre um amasso e outro, abria meus os olhos para ver se alguém os observava. E nesse instante vi minha amiga à procura de algo ou alguém, certamente eu mesma. Dei risada e ajeitei meu vestido e sai dos braços dele meio tonta.

“- Desculpe, mas preciso ir, minha amiga está me procurando…”

Saindo sem muita explicação, o deixei ali, parado, literalmente na mão. Eu só fui ao sem encontro para avisá-la de que eu estava bem. Cada uma foi para um lado e eu fui atrás daquele homem maravilhoso novamente. Vi que ele estava no bar e me devorava com os olhos.

“Vamos dar uma volta?”, ele sugeriu quando me aproximei dele.
“Mas é claro!”, eu respondi já agarrando seu braço.

Ao contrário de antes, nós conversamos deliciosamente. Ele tinha um papo gostoso, que dava vontade de conversar ainda mais. Inteligente sem ser grosso, e picante sem ser abusado.

Queria que o tempo parasse.

“Como você consegue ser um arroubo total num momento e em outro, só delicadeza e carinho?”, perguntei para ele.

Ele não me respondeu. Apenas me puxou pra perto e começou a me beijar novamente. Quanto mais ele me beijava, mais eu me entregava. Foi então que ele me conduziu para um cantinho, novamente, onde o burburinho da festa corria longe.

Os beijos voltaram a descer pela minha boca, pescoço, seios… A mão tentou abrir o zíper do meu vestido, e mais uma vez eu pedi que ele não fizesse assim, até porque eu tinha medo de ficar muito exposta. Estava menos impetuoso, mas não menos delicioso, parecia outro homem, mas era tudo tão bom.

Enquanto o corpo dele roçava ao meu, entre muitos beijos, senti suas mãos levantando o vestido, encaixando as duas palmas em meu traseiro, trazendo minhas ancas mais próximas a ele que estava visivelmente excitado.

Mais uma vez como adolescentes se esfregamos ali. Com a mão direita, ele me acariciou, afastou a calcinha e afundou dois dedos em mim, que já estava totalmente molhada de desejo. Ele me acariciava “lá”, com os dedos molhados por um gel lubrificante que levantava um cheirinho doce de menta, bem refrescante e geladinho, e ainda assim, não deixava de me beijar, quase me levando à loucura.

Senti que estava prestes a gozar em seus dedos, e cheguei a dar um gritinho, que foi totalmente sufocado por um beijo dele. Ainda bem! Meu orgasmo veio forte, em espasmos, onde ele certamente começou a sentir as contrações em seus dedos.

“ – Pena que não sou eu inteiro dentro de você”, ele lamentou!

Aos poucos, nossos corpos pareciam relaxar, e os beijos dele ficaram mais suaves. Ficamos encostados um ao outro, ofegantes, e rindo.

“Acho que tivemos um acidente de percurso”, ele disse, se afastando e olhando para trás, numa despedida.

“Você é muito gostosa! Ainda bem que a minha calça é preta…”, e foi embora.

“Acidentes acontecem”, finalizei.